Jesuton encontra na natureza do Algarve e na poesia a inspiração para seu novo EP

Ela é natural de Londres, Inglaterra, mas foi no Brasil que Jesuton viu a sua carreira musical acontecer. Depois de um vídeo da artista cantando nas ruas do Rio de Janeiro viralizar, ela assinou contrato com a Som Livre e lançou dois discos de estúdio, dois álbuns ao vivo e alguns singles, esteve nos palcos de grandes festivais, como Lollapalooza e Rock in Rio, até que passou um período em Portugal onde se dedicou a uma antiga paixão: a poesia. Foi na região paradisíaca do Algarve que Jesuton se reconectou com as poesias que compõem o EP BLOOM, além de compor a sua primeira canção autoral em português, idioma que ela adotou como segunda língua.

Jesuton nos bastidores do vídeo da gravação ao vivo de Florescer. Foto: Maria Dalechina

Com distribuição pela Believe, além da música Florescer, BLOOM é composto por duas poesias (The Field e Leaf) que ganharam suas versões em português (O Campo, Folha). Sobre o que a inspirou neste processo, Jesuton conta: “O projeto BLOOM foi inspirado na paisagem do sul de Portugal, que traz uma sensação surpreendente – cheia de vida, ela tem extensões desconexas que se estendem até onde os olhos podem ver e apresenta todos os tipos de cores inesperadas. A pandemia de 2020 chamou minha atenção fortemente para o momento presente e para a minha localização imediata como nunca antes. A pausa coletiva me fez viajar internamente e revisitar coisas que escrevi ao longo dos anos. O que encontrei realmente me fez refletir – eu havia me dedicado tanto a esses textos e continuei em frente fazendo outras coisas sem olhar tanto para trás! Havia tanto para desempacotar e examinar, muitas delas escritas ao longo da última década que falavam sobre questões marcantes da vida, particularmente as transformações que passamos: apego e desapego – doces, amargos, vitoriosos. Sobre recomeços, ou apenas dias quando por fim, conseguimos um simples respiro. Falam tanto dos momentos mais leves que parecem fazer ser possível flutuar, quanto dos outros momentos, quando parece que o mar não tem fundo”.

A artista conta, inclusive, que o caso de amor com a escrita é antigo: “Provavelmente até antes da música, minha primeira paixão mesmo era a palavra. Adorava escrever histórias de aventuras sem fim com uma amiga da escola num caderninho que dividimos entre nós. Hoje em dia, seja pela vontade de registrar no papel um momento cotidiano, ou para a organização do pensamento em meio a uma crise, o impulso de pintar quadros, fiéis aos sentimentos ambulantes, com palavras, estava presente desde bastante cedo”. Se isso um dia vai levá-la a lançar um livro? “Quem sabe…”, deixa no ar.

Filmes curtos

As poesias começaram a ser lançadas como vídeos em Fevereiro de 2021 com O Campo, depois, em Março, saiu a versão em inglês, The Field. Em Dezembro daquele ano, Jesuton divulgou Folha e Leaf, todos com direção e edição do português João Seiça (Impossible Yellow). “Sabia que eu queria juntar tudo num formato escrito num momento, mas antes disso, achei importante oferecer uma vida visual para essas poesias. Foi assim que nasceram os filmes curtos. Filmado no Algarve, seguimos roteiros fluidos que remetem memórias viscerais. O mundo natural é o norte dos textos e o cenário dos filmes. A semente deste projeto surgiu com uma simples flor Algarviana, não pela beleza dela, mas pela unilateralidade da sua expressão. Sol e chuva vai e vem, tanto quanto circunstância e contextos inesperados, mas a flor nasce e morre com sua própria forma, cor e identidade, segura, vibrante e desafiadora. Através de filmes e palavras, o projeto BLOOM quer devolver-nos um pouco dessa mesma irredutível singularidade e propósito”.

Florescer

Filmado no belíssimo Palácio de Estoi, em Faro, no Algarve, Portugal, o vídeo da única canção do EP traz uma direção de arte bastante marcante quanto às cores quase psicodélicas da natureza. Sobre a música, originalmente composta pelo italiano Massimo Valentini, Jesuton lembra que nasceu de um encontro bastante especial que tiveram: “Era o início da pandemia. Eu estava mergulhada nos textos de BLOOM, o mundo lá fora estava num estado de ansiedade coletiva nunca visto na nossa geração. E recebi um piano simples, do artista e compositor Massimo Valentini. Era curioso — o piano dele veio já cheio de vontades próprias: era esperançoso, mas desafiador e quis falar sobre o nosso momento. Acredito que a mensagem final era para mostrar que o caminho na escuridão é sempre firmeza na fé e na coragem. De ter visto isso na prática tantas vezes nesses meus dez anos de convivência brasileira, tanta resiliência  brutal cotidiana, só pode ser o motivo dessa música ter nascido tão teimosamente em português, porque também sei que só houve essa opção.  E o piano do ficou tão representativo desse mundo de beleza e emoções complexas que também ficou como pano de fundo das poesias”

Para o vídeo da faixa, que também marca a gravação da música ao vivo, Jesuton conta que “a natureza do sul de Portugal foi o foco para a inspiração: uma natureza vibrante com as suas delicadezas, mas ao mesmo tempo, sempre bastante descolada e livre. Começamos a partir do custom headpiece da Alexia Hentsch feito no estúdio dela, em Londres. Com isso em mãos, houve uma sintonia muito grande entre essa peça e o styling da ultra sensata Gabi Abuleac. A cenografia e design de flores da Lora e Ivan Godoy (Boulevard) fechou o conceito, transformando nossa sala no Palácio de Estoi (do século XIX) num paraíso florestal”. 

Assista ao vídeo de Florescer (Ao Vivo) aqui e a série completa de BLOOM aqui.

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